Douro e Vinhos Verdes lideram valorização no mercado vinícola português
A crescente valorização das regiões vitivinícolas mais tradicionais de Portugal está a ganhar destaque no mercado internacional. Em particular, as regiões do Douro e dos Vinhos Verdes têm-se afirmado como as zonas mais caras do país no que diz respeito ao valor por hectare de vinhas. Esta tendência reflecte a combinação entre prestígio histórico, excelência na produção de vinho e uma procura crescente por parte de investidores nacionais e estrangeiros.
De acordo com o mais recente The Wealth Report, estudo anual da consultora internacional Knight Frank, representada em Portugal pela Quintela e Penalva, o impacto das alterações climáticas no sector agrícola está a redefinir o mapa global da valorização de propriedades vitivinícolas. Em várias partes do mundo, algumas regiões têm perdido valor, enquanto outras, como o Douro, ganham protagonismo e atraem novos investimentos.

Atração internacional e valorização progressiva
Apesar de os preços por hectare em Portugal ainda se encontrarem abaixo dos praticados nas regiões vitivinícolas mais prestigiadas da Europa, como Barolo, em Itália, ou Bordeaux, em França, o Douro e os Vinhos Verdes destacam-se como os territórios mais valorizados do país.
Carlos Penalva, sócio fundador da Quintela e Penalva, explica que, dependendo da localização e do património edificado associado, o valor por hectare nessas regiões pode variar bastante, oscilando entre os 10 mil e os 40 mil euros. Esta amplitude reflecte não só as diferenças geográficas e produtivas dentro de cada sub-região, mas também o interesse crescente por quintas com tradição vitivinícola, potencial enoturístico e capacidade de exportação.
Um ativo cada vez mais estratégico
A valorização do Douro e dos Vinhos Verdes não é fruto do acaso. Ambas as regiões reúnem características únicas de terroir, tradição enológica consolidada e crescente notoriedade internacional. No caso do Douro, a paisagem classificada como Património Mundial pela UNESCO e a produção de vinhos do Porto e DOC Douro colocam a região no radar de investidores exigentes. Já os Vinhos Verdes, com expressão crescente em mercados como os Estados Unidos e o Brasil, oferecem oportunidades em propriedades com elevado potencial produtivo e preços ainda relativamente acessíveis.

Além disso, a transição energética, a preocupação ambiental e a procura por activos tangíveis têm levado investidores a considerar terrenos agrícolas, especialmente em regiões vitivinícolas, como alternativas sólidas de diversificação patrimonial.
Perspetivas para o futuro
Com as alterações climáticas a modificar padrões de produção e a afectar os rendimentos agrícolas em várias regiões do globo, Portugal posiciona-se como uma alternativa promissora. O clima ameno, a diversidade geográfica e a qualidade reconhecida dos vinhos nacionais são factores que sustentam uma procura cada vez mais intensa por activos vitivinícolas em território português.

Para Carlos Penalva, o mercado está atento à capacidade de Portugal não só em manter a qualidade dos seus vinhos, mas também em apresentar uma oferta competitiva de propriedades bem localizadas, com infraestruturas adequadas e potencial de valorização a médio e longo prazo.
O aumento da procura por terras no Douro e nos Vinhos Verdes sinaliza um novo ciclo de atenção e investimento no sector vitivinícola português. Se, por um lado, os preços ainda estão longe dos valores praticados em regiões como Champagne ou Napa Valley, por outro, Portugal apresenta uma margem de crescimento significativa, sustentada por factores climáticos, culturais e económicos.
O mercado vitivinícola nacional, cada vez mais atrativo, poderá afirmar-se como um dos protagonistas no novo mapa de investimentos agrícolas na Europa, especialmente para quem procura tradição, qualidade e retorno sustentável.