Estados Unidos poderá perder 12,5 mil milhões de dólares em turismo internacional em 2025
Estudo do World Travel & Tourism Council revela quebra inédita no sector e alerta para risco estratégico no posicionamento global da maior economia turística do mundo.
A maior economia mundial no sector das viagens e turismo enfrenta um cenário de contracção sem precedentes. De acordo com um relatório recentemente publicado pelo World Travel & Tourism Council (WTTC), os Estados Unidos poderão perder cerca de 12,5 mil milhões de dólares (aproximadamente 11,2 mil milhões de euros) em receitas provenientes de turistas internacionais já em 2025. Este dado coloca o país como a única entre 184 economias analisadas que não deverá registar crescimento no turismo no próximo ano.
O relatório, elaborado em parceria com a Oxford Economics, projeta uma descida na despesa dos visitantes internacionais, que deverá cair de 181 mil milhões de dólares (cerca de 162 mil milhões de euros) em 2024, para 169 mil milhões de dólares (151,2 mil milhões de euros) em 2025. Trata-se de uma quebra de 22%, sinalizando um enfraquecimento do apelo global dos Estados Unidos enquanto destino turístico.
Uma tendência oposta à do resto do mundo
Enquanto outras nações avançam com estratégias robustas de recuperação do turismo internacional, os Estados Unidos parecem caminhar na direcção oposta. A presidente e CEO do WTTC, Julia Simpson, foi categórica na sua análise:
“Enquanto outros países estendem o tapete de boas-vindas, os Estados Unidos estão a colocar um sinal de ‘fechado’.”
Simpson sublinha que a actual trajectória não se deve a falta de procura, mas sim a falta de acção governamental. O país carece de um plano estratégico para reconquistar o interesse dos viajantes internacionais e restaurar a confiança perdida durante e após a pandemia.
Uma dependência perigosa do mercado interno
Em 2024, cerca de 90% das despesas em turismo registadas nos EUA foram feitas por viajantes domésticos. Embora esta realidade tenha permitido alguma estabilidade durante o período pandémico, revela-se agora uma limitação grave. O WTTC alerta que o crescimento real no turismo provém do mercado internacional, e que continuar a depender exclusivamente do turismo interno representa um risco económico.
O relatório destaca ainda que, em 2023, o sector contribuiu com 2,6 biliões de dólares (cerca de 2,32 biliões de euros) para a economia norte-americana, gerando mais de 20 milhões de empregos e 585 mil milhões de dólares (aproximadamente 523,6 mil milhões de euros) em receitas fiscais, o que representa quase 7% das receitas públicas do país. Ou seja, o impacto do turismo vai muito além do lazer: trata-se de um pilar económico fundamental.
Quebras expressivas nas chegadas internacionais
Os dados de março de 2025 revelam reduções significativas no número de visitantes oriundos de alguns dos principais mercados emissores:
Reino Unido: -15% Alemanha: -28% Espanha, Colômbia, Irlanda, Equador e República Dominicana: quebras entre -24% e -33% Canadá: -20%
Ao mesmo tempo, as viagens dos norte-americanos para o estrangeiro continuam a aumentar, gerando um desequilíbrio que afecta não só a balança económica, como também a posição estratégica dos Estados Unidos enquanto destino global de referência para negócios, cultura e turismo.
O apelo à acção
Para o WTTC, este é um alerta claro para as autoridades norte-americanas.
“A maior economia de viagens e turismo do mundo está a seguir na direcção errada. Sem uma acção urgente por parte de Washington, poderá demorar vários anos até que os EUA regressem aos níveis de despesa internacional pré-pandemia – quanto mais atingir o pico registado há uma década”, conclui Julia Simpson.
Num cenário em que as nações disputam o lugar de destaque na economia global do turismo, a estagnação dos Estados Unidos representa uma oportunidade perdida. A solução, segundo os especialistas, passa por políticas públicas eficazes, promoção internacional coordenada e uma revalorização do papel estratégico do turismo nas relações económicas globais.